A pressão alta, também chamada de hipertensão arterial, continua sendo uma das principais causas de doenças do coração, derrames e problemas nos rins. Por isso, a cada alguns anos, especialistas brasileiros atualizam as recomendações sobre como diagnosticar, prevenir e tratar essa condição. Em 2025, saíram as novas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, e trazemos aqui um resumo do que você precisa saber.

O que é hipertensão?

A hipertensão acontece quando a pressão do sangue dentro das artérias fica constantemente alta. O valor considerado diagnóstico continua o mesmo: 14 por 9 ou mais (140/90 mmHg). Porém, hoje se dá mais importância às medidas feitas em casa (com aparelhos automáticos) ou em monitorização de 24 horas, porque muitas vezes a pressão sobe só no consultório (“efeito do jaleco branco”) ou pode estar alta fora de casa sem que a pessoa perceba.

Por que controlar a pressão é tão importante?

A pressão alta não costuma dar sintomas, mas, ao longo do tempo, pode danificar o coração, o cérebro, os rins e os olhos. É um dos maiores fatores de risco para infarto, AVC, insuficiência cardíaca e doença renal crônica.

Mudanças no estilo de vida: a base do tratamento

Nada mudou neste ponto: cuidar dos hábitos continua sendo fundamental. As orientações são:
Reduzir o sal da comida. O ideal é menos de uma colher de chá por dia.
Evitar alimentos ultraprocessados (como embutidos, biscoitos recheados, refrigerantes).
Preferir frutas, verduras, legumes e alimentos frescos.
Manter o peso saudável.
Fazer atividade física regular (caminhada, corrida, bicicleta, musculação, conforme cada pessoa).
Não fumar.
Moderar o consumo de álcool.

E os remédios?

Uma grande novidade é que agora nós médicos recomendamos , na maioria dos casos, começar o tratamento com dois remédios juntos em um único comprimido. Isso ajuda a baixar a pressão mais rápido e melhora a adesão. Os medicamentos continuam os mesmos: diuréticos, remédios que atuam no sistema renina-angiotensina (como os “prils” e “sartans”) e bloqueadores de cálcio. Betabloqueadores ficam reservados para quem tem problemas específicos, como angina ou já teve infarto.

Metas mais rigorosas

Antes, a meta era deixar a pressão abaixo de 14 por 9. Agora, para a maioria das pessoas, a recomendação é ficar abaixo de 13 por 8 (130/80 mmHg). Isso significa que quanto mais próximo do normal a pressão estiver, menor o risco de complicações, desde que a pessoa tolere bem o tratamento. Para idosos muito frágeis, a meta ainda pode ser mais flexível.

Tecnologia a favor da saúde

As novas diretrizes também incentivam o uso de telemedicina, aplicativos de saúde e monitoramento remoto da pressão arterial, que podem ajudar no acompanhamento contínuo e no ajuste do tratamento.

Mensagem final

A hipertensão é silenciosa, mas tem tratamento eficaz. Medir a pressão regularmente, cuidar dos hábitos e seguir as orientações médicas podem salvar vidas. As novas diretrizes de 2025 reforçam a importância de agir cedo, tratar de forma combinada e buscar metas mais baixas, sempre respeitando a individualidade de cada pessoa.

Autora: Dra. Luciene de Souza Freitas
Especialista em Cardiologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF – RJ)
Médica do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC)